Os familiares do motorista de ônibus Alecxander Montanheiro, de 53 anos, que sofreu queimaduras de terceiro grau pelo corpo, quando tentava retornar ao veículo que conduzia para pegar seus documentos, seguem abalados com a situação que o trabalhador viveu durante seu expediente de trabalho.
O ônibus que o motorista conduzia foi atacado e incendiado na manhã da última segunda-feira (23), dia em que pelo menos 35 ônibus foram queimados por criminosos, de acordo com o Rio Ônibus.
"A esposa dele, a minha cunhada, ela ta muito abalada ainda. Para toda família foi muito triste. Ele é um cara trabalhador. Ta todo mundo sem acreditar no que aconteceu com o Alecxander. Ele não teve tempo de sair de dentro do ônibus", disse Valéria, irmã do motorista.
De acordo com o relato de Valéria, Alecxander encontrava-se no término da rota 804, no Largo do Aarão, em Santa Cruz, no exato momento do ataque. Valéria explicou que seu irmão tentou recuperar alguns documentos do veículo em chamas, porém não teve sucesso e acabou se ferindo.
"Ele estava no ponto final e ia ligar o carro quando o pessoal chegou para botar fogo. Ele tava dentro do ônibus e quando começou o fogo ele voltou pra tentar pegar os documentos com um cabo de vassoura, mas não conseguiu. E quando foi ver o fogo já estava em cima dele", disse.
Alecxander está atualmente sob cuidados médicos no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Municipal Pedro II, localizado em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. De acordo com sua irmã, ele está em uma condição estável.
"Eles está se recuperando da melhor forma possível. Sua situação é estável. Ele sofreu queimaduras porque não conseguiu sair do ônibus a tempo", afirmou a irmã.
O motorista estava operando um dos ônibus da linha 804 (Campo Grande x Largo do Aarão), pertencente à empresa Expresso Pégaso, quando criminosos provocaram um incêndio no veículo. O incidente ocorreu no Largo do Aarão, em Santa Cruz, na Zona Oeste.
Iara da Costa, esposa de Alecxander, relatou ao G1 que ele ainda enfrenta dificuldades para falar devido às queimaduras em seu rosto. Ela também expressou seu receio pelo marido trabalhar na Zona Oeste, onde o incidente aconteceu.
"A gente fica preocupada. Ele sai de manhã para trabalhar e não sabe se vai voltar, como aconteceu dessa vez. Por mim, ele não voltava a trabalhar nessa linha. Ele que vai decidir, mas por mim não voltava", completou Iara.
VALOR PAGO PELOS ATAQUES
Milicianos responsáveis pelos ataques ocorridos na Zona Oeste do Rio na última segunda-feira (23) ofereceram uma quantia de R$ 500 por cada ônibus incendiado, revelou uma investigação do G1. A instrução dada era que o ataque fosse registrado em vídeo para que o pagamento fosse efetuado.
Contudo, a ordem foi disseminada sem critérios, resultando no incêndio de 35 ônibus. Esse incidente marcou o dia com o maior número de coletivos incendiados por criminosos na história da cidade, conforme reportado pelo Rio Ônibus.
O objetivo do ataque, segundo informações, era possibilitar a fuga do miliciano Luís Antônio Da Silva Braga, conhecido como Zinho, que estaria na região. A polícia interceptou em um rádio apreendido um alerta para proteger o "Zero", como Zinho é chamado internamente pelo grupo criminoso.
MAIS DOIS CRIMINOSOS FORAM PRESOS
Nesta quarta-feira (25), policiais militares do 31° BPM (Recreio dos Bandeirantes) detiveram mais um suspeito envolvido nos recentes ataques. Identificado como Wellington Silva Mendes de Mesquita, de 40 anos, ele é apontado como o indivíduo que aparece em um vídeo incendiando um ônibus durante os ataques promovidos pela milícia controlada por Zinho. Segundo as investigações, Wellington foi identificado nas imagens vestindo uma blusa preta.
Wellington foi localizado e capturado na favela César Maia, em Vargem Pequena, também na Zona Oeste. Ele foi conduzido para a 42ª DP (Recreio), onde permanecerá à disposição da Polícia Civil para as devidas investigações. Além disso, outro indivíduo, associado à milícia de Zinho, foi detido em flagrante na comunidade da Carobinha, em Campo Grande, na Zona Oeste, após um cruzamento de dados e um trabalho de inteligência.
COM INFORMAÇÕES DO G1