O desentendimento entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por posicionamentos divergentes em relação à reforma tributária, provocou rachaduras em grupos de bolsonaristas monitorados em pesquisas qualitativas contínuas. A análise é de pesquisadores do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (Lemep), do Iesp/Uerj.
Cientistas políticos e coordenadores do projeto, João Feres e Carolina de Paula, realizaram um estudo que identificou dois padrões de opinião entre os bolsonaristas: os "convictos", que apoiaram as invasões aos Três Poderes em janeiro, e os "moderados", que seguem ex-presidente, mas discordam da destruição ocorrida no início do ano.
Os participantes "convictos" utilizam um "atalho informacional" oferecido por Bolsonaro para se manterem ao lado do ex-chefe do Executivo e do que consideram como o "certo" na direita. Para esse grupo, Bolsonaro está certo em sua posição contrária à destruição, pois conhecendo o Brasil, sabe o que é melhor para a direita. Além disso, há uma parcela irritada com a postura de "traidor" de Tarcísio e outra que o vê como “ingênuo”, acreditando que se trata de um conflito de opiniões.
Por outro lado, entre os moderados, há a percepção de que Bolsonaro e Tarcísio desentenderam-se e que esse conflito pode se intensificar. Alguns observam essa disputa por espaço político dentro da direita em geral, o que gera críticas para ambos os lados. Nesse segmento, as opiniões sobre a reforma tributária são diversas, considerando o assunto complexo.
Os cientistas políticos ressaltam que poucas pessoas têm um posicionamento claro sobre o texto aprovado, e entre os moderados, essas brigas acabam prejudicando o país. Estima-se que o grupo dos moderados seja significativamente maior, uma vez que apenas 10% dos eleitores de Bolsonaro apoiaram a depredação em Brasília, de acordo com pesquisa do Datafolha realizada em janeiro.
Os pesquisadores dividiram os dois grupos de bolsonaristas e perguntaram quem estava certo na discussão entre Bolsonaro e Tarcísio. O estudo qualitativo oferece insights sobre como certos grupos de eleitores de Bolsonaro pensam, mas não é generalizável para toda a população devota do ex-presidente.
Saiba mais em: Meionorte.com