Após optar por seguir as orientações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e consentir com a comercialização de joias, o ex-assistente pessoal do tenente-coronel Mauro Cid expressou a pessoas próximas que "agora é a hora de garantir a segurança de minha família".
O fato de sua família estar sob investigação da Polícia Federal (PF) teve um impacto crucial na determinação de Cid em admitir ter vendido as joias, originalmente presenteadas ao governo brasileiro, e confessar ter entregue os proventos a Bolsonaro.
Em relação ao pai de Cid, Mauro Cesar Lorena Cid, um mandado de busca e apreensão foi executado em 11 de agosto, como parte de uma operação da PF. O Sr. Lorena Cid é um general do Exército e colega de Bolsonaro da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), durante os anos 1970. As investigações o colocam sob suspeita de negociar joias e outros ativos nos Estados Unidos.
A PF alega que o militar recebeu o montante proveniente da venda das joias e relógios em uma conta nos Estados Unidos.
Declaração de Cid e desdobramentos
Na noite desta quinta-feira (17), Cezar Bittencourt, advogado de Cid, anunciou que o ex-assistente pessoal declara ter entregue dinheiro a Bolsonaro após comercializar as joias nos EUA, as quais foram originalmente oferecidas ao governo brasileiro. A informação, revelada pela revista "Veja", confirma que Cid, detido desde maio, foi um dos principais confidentes do ex-presidente durante seu mandato.
De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), os presentes recebidos deveriam ter sido incorporados ao patrimônio da União e não vendidos como itens pessoais. Bittencourt assumiu a defesa de Cid na terça-feira (15). Ele é o terceiro advogado do caso desde que Cid foi preso. Bittencourt já havia afirmado em entrevista, nesta semana, que Cid estava apenas cumprindo ordens.
As joias
Investigações da PF mostram que joias e presentes oferecidos a Bolsonaro durante seu mandato presidencial começaram a ser negociados nos EUA em junho de 2022.
Naquele mês, a equipe de Cid solicitou ao Gabinete de Documentação Histórica uma lista dos relógios recebidos como presentes pela Presidência até aquele ponto no mandato do então presidente.
Em 2 de junho de 2022, outro auxiliar de ordens recebeu a lista de 37 itens com os detalhes dos fabricantes de cada um, conforme solicitado pelo militar.
Quatro dias depois, Cid retirou um conjunto de joias do acervo – um kit composto por um relógio Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico – entregue a Bolsonaro durante uma viagem oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.
Viagens com os presentes
Em 8 de junho de 2022, Bolsonaro e Cid partiram para os Estados Unidos, em direção a Los Angeles, para participar da Cúpula das Américas. Segundo a PF, militar levou consigo o conjunto de joias durante o voo oficial da Força Aérea Brasileira (FAB).
Os investigadores afirmaram que, ao invés de retornar ao Brasil com a delegação, Cid trouxe as joias para a residência de seu pai. Este último ocupava um cargo na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami desde 2019.
No entanto, em 13 de junho de 2022, o coronel viajou para a Pensilvânia, nos EUA, com o intuito de vender um relógio Rolex de ouro branco e outro relógio da marca Patek Philippe.
A PF conseguiu rastrear um comprovante de depósito no valor de US$ 68 mil, correspondendo a cerca de R$ 332 mil, através da análise dos dados armazenados no celular de Cid. Esse depósito foi feito na loja em questão.
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), encaminhado à CPI dos Atos Golpistas, revelou transações financeiras consideradas suspeitas nas contas de Lourena Cid. No período entre fevereiro de 2022 e maio de 2023, foram movimentados quase R$ 4 milhões em valores recebidos e enviados.
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