Chance de delação é zero, afirma novo advogado de Mauro Cid

Bitencourt mudou seu discurso de quarta-feira (16) para quinta-feira (17), após uma extensa conversa com Mauro Cid no Batalhão do Exército em Brasília.

Mauro Cid tem novo advogado para sua defesa | Reprodução
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O novo advogado do tenente-coronel Mauro Cid, Cezar Roberto Bitencourt, afirmou que tem a convicção de que as investigações da Polícia Federal têm como alvo central o ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com Bitencourt, "O que eles querem mesmo é o presidente, não o Cid." Ele compartilhou essa perspectiva em uma entrevista à Folha de S.Paulo.

Contudo, Bitencourt mudou seu discurso de quarta-feira (16) para quinta-feira (17), após uma extensa conversa com Mauro Cid no Batalhão do Exército em Brasília, passando a alegar que o tenente-coronel não era meramente um executor de ordens, mas sim possuía certa autonomia em suas ações. Ele explicou: "Eu tenho a impressão de que ele tinha certa autonomia. E mais: se eu erro aqui, eu conserto ali. Se fiz uma coisa errada aqui, posso consertar lá."

Bitencourt também afirmou que interromperia as entrevistas momentaneamente, observando que "você irrita o outro lado", se referindo ao ex-presidente Bolsonaro, e acrescentou, "É bom não cutucar a abelha com vara curta."

Em contraste com suas declarações anteriores, onde afirmou que Cid apenas seguia ordens, Bitencourt agora alega que o tenente-coronel, por ser um "assessor competente e preparado," realizava ações em prol de Bolsonaro sem necessariamente ter sido convocado para a missão.

Bitencourt assegurou que ele é um "advogado de defesa, não um acusador." Apesar das especulações sobre uma possível delação premiada de Cid, Bitencourt rejeitou essa ideia. "A gente não pensa em delação, não tem nem por quê. Possibilidade zero. Vou fazer a defesa do Cid, não tem porque delatar ninguém. Eu sou contra isso."

Atualmente detido no Batalhão do Exército em Brasília, Mauro Cid compartilha uma cela de 20 metros quadrados. Ele tem permissão para sair do local por duas horas diárias para um banho de sol, durante o qual pode fazer exercícios físicos.

Após a prisão, o acesso de Cid a visitantes foi restringido pelo STF, após o ministro Alexandre de Moraes ter notado um número elevado de visitas em um curto período de tempo. A defesa do tenente-coronel contesta a condução dos inquéritos por Moraes, mas acredita que a prisão já durou mais do que o necessário.

Enquanto as contas de Cid são investigadas por movimentações suspeitas, seu advogado afirma que essas transações não estão relacionadas à venda de joias ou outros crimes. Segundo ele, Cid possui cerca de R$ 4 milhões em imóveis e fez transações financeiras nos últimos meses, com detalhes registrados em seu Imposto de Renda.

Mauro Cid foi preso por suspeitas de adulterar cartões de vacinação, incluindo os dele, de Bolsonaro, de sua esposa e de uma de suas filhas, para permitir a ida deles aos Estados Unidos antes da posse de Lula. A PF também encontrou documentos em seus celulares relacionados a um suposto plano golpista contra a eleição de Lula. Além disso, Cid e seu pai foram descobertos em negociações para vender presentes recebidos por Bolsonaro em viagens oficiais, considerados bens de Estado segundo o TCU.

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