Nesta quinta-feira (24), o tenente-coronel Mauro Cid, que anteriormente ocupou o cargo de ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), revelou em seu depoimento perante a CPI dos Atos Antidemocráticos do 8 de janeiro que uma das suas responsabilidades era receber e entregar presentes ao então chefe do Executivo. A confissão foi realizada na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
Cid explicou que desempenhava uma função de "secretariado executivo" para o ex-presidente, incluindo tarefas como:
- Organização da agenda;
- Recebimento e encaminhamento de indivíduos para reuniões;
- Atendimento de chamadas telefônicas e recebimento de correspondências;
- Impressão de documentos;
- Assistência nas atividades pessoais do ex-presidente, como almoços, viagens e questões financeiras.
O discurso inicial do militar durante a sessão assemelhou-se ao que ele já havia feito na CPI dos Atos Golpistas no Congresso Nacional, ocorrida em julho do ano passado. Contudo, até o momento da última atualização desta matéria, Cid não havia respondido a nenhuma das perguntas feitas pelos parlamentares do Distrito Federal.
O tenente-coronel ressaltou que a função de ajudante de ordens é a única forma de assessoramento próxima ao presidente que não é escolhida pelo próprio presidente, sendo a seleção e designação dos militares incumbência das Forças Armadas.
Ele também explicou que permanecia do lado de fora das salas de reunião e não se envolvia nas discussões que ocorriam durante os encontros. "Não estava na minha atribuição analisar propostas, projetos trazidos por autoridades", acrescentou Cid.
Caso das joias
O ex-aliado foi designado como ajudante de ordens de Bolsonaro pouco antes de sua posse em 2018, quando já estava prestes a assumir um cargo nos Estados Unidos. Durante os quatro anos de mandato, Cid desempenhou uma ampla gama de funções, desde auxiliar em transmissões ao vivo até filmar os encontros do presidente com apoiadores no Palácio do Alvorada, além de lidar com pagamentos relacionados a demandas pessoais da família de Bolsonaro.
Em 2021, o governo ultraliberal tentou trazer ilegalmente ao Brasil joias com diamantes avaliadas em R$ 16,5 milhões, que haviam sido presenteadas pelo governo da Arábia Saudita. As joias não foram declaradas e permaneceram retidas na Receita Federal no aeroporto de Guarulhos desde então.
De acordo com informações da jornalista Andréia Sadi, a tentativa de recuperação das joias por parte do governo federal, que não obteve sucesso, foi iniciada a partir de um pedido feito pelo ex-presidente, conforme depoimento prestado por Cid à Polícia Federal (PF).
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