Há 60 anos, ou seja, em 4 de dezembro de 1963, o senador Arnon de Melo, pai do ex-presidente Fernando Collor, protagonizou um episódio trágico durante uma sessão do Senado Federal. O alvo de sua ação era o colega senador Silvestre Péricles, com quem mantinha uma rixa política e pessoal desde a década de 1950, quando Silvestre perdeu a disputa eleitoral ao governo de Alagoas para Arnon.
A conjuntura política acirrada, aliada à hostilidade entre os dois inimigos públicos e o uso de armas, culminou em uma tragédia. Arnon assumiu o cargo de senador em 1963, e segundo a revista Manchete, sua esposa e irmãos compareceram à cerimônia de posse portando armas. Nos quinze dias que antecederam o evento, a família se preparou intensivamente, praticando o manuseio de armas e tiro ao alvo.
No início de dezembro, a atmosfera agressiva atingiu seu ápice. Em uma sessão do Senado, Arnon solicitou licença para dirigir suas palavras a Silvestre Péricles, alegando ter sido ameaçado de morte por ele. No calor da discussão, Silvestre o insultou, chamando-o de "canalha", "crápula" e "cafajeste". Nesse momento tenso, Arnon sacou uma arma e disparou três tiros, atingindo o Senador José Kairala, do PTB do Acre, recentemente empossado como suplente.
Silvestre conseguiu desviar-se dos tiros e foi contido pelo Senador João Agripino, primo do conhecido José, que evitou uma possível retaliação armada. Ambos os inimigos foram detidos, enquanto o senador José Kairala, uma vítima inocente atingida no abdômen, faleceu cinco horas após o incidente. A conclusão da reportagem refletia sobre a persistência do ódio ao longo do tempo: "O ódio velho não cansa".