Na última quarta-feira (02), a deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi alvo de uma operação realizada pela Polícia Federal (PF), que visa investigar sua possível participação em ataques cibernéticos contra o Poder Judiciário. Esse episódio amplia as ocorrências de natureza golpista dentro do círculo ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em locais ligados à parlamentar e a seus assessores, além de um mandado de prisão preventiva contra o hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por ter vazado informações relacionadas à Lava-Jato.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que também teria sido alvo de violações de dados por parte dos investigados, autorizou a prisão de Delgatti. Em sua decisão, Moraes alegou que Delgatti agiu sob instruções de Zambelli com o objetivo de "expandir a narrativa fraudulenta contra o processo eleitoral" visando causar tumulto.
As autoridades estão investigando se a deputada teve envolvimento na invasão do sistema interno do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e se solicitou a violação de dados pessoais de Moraes. Embora Delgatti tenha admitido os crimes durante interrogatório, ele também implicou a deputada como a mandante. No entanto, devido à inconsistência em seus depoimentos anteriores, os investigadores buscam mais evidências para avançar no caso.
Esta operação está relacionada ao "inquérito das fake news", iniciado em 2019, que investiga ataques contra membros do STF.
O desdobramento deste caso adiciona-se ao crescente número de situações envolvendo apoiadores de Bolsonaro que supostamente tentaram manipular os resultados eleitorais e agora enfrentam investigações judiciais. Alguns exemplos incluem o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que foi flagrado com um documento que previa intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em caso de derrota eleitoral, e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que foi preso após a descoberta de mensagens de teor golpista.
É importante mencionar também a investigação sobre um suposto plano orquestrado pelo ex-deputado Daniel Silveira e pelo senador Marcos do Val para gravar e incriminar Moraes.
Escudo de proteção
Em meio a esses acontecimentos, a deputada Zambelli buscou preservar Bolsonaro, com quem ela teria intermediado um encontro entre Delgatti e o ex-presidente no ano passado para discutir o sistema de votação. Delgatti afirmou ter sido questionado por Bolsonaro sobre a possibilidade de invadir urnas eletrônicas durante um encontro no Palácio da Alvorada.
A reação dos colegas de partido de Zambelli, do PL, foi moderada em termos de solidariedade. Valdemar Costa Neto, presidente do partido, fez uma declaração sugerindo uma separação de responsabilidades e deixando claro que o partido não apoiará incondicionalmente Zambelli em um eventual processo de cassação de mandato.
A investigação foi iniciada após a descoberta de pagamentos feitos por assessores de Zambelli ao hacker Delgatti, totalizando R$ 13,5 mil via Pix, além de pagamentos em dinheiro não contabilizados. A deputada negou as acusações, alegando que os pagamentos eram destinados a outros serviços.
Objetivo da operação
Em resumo, a operação policial tem como objetivo esclarecer o papel da bolsonarista em ataques cibernéticos ao Judiciário, expandindo a trama de ações de cunho golpista ligadas ao círculo do ex-presidente Bolsonaro. O desfecho deste caso promete lançar luz sobre possíveis ameaças à integridade do processo eleitoral e ao funcionamento das instituições judiciais.
Saiba mais em: Meionorte.com