Durante seu período de reclusão nos Estados Unidos após deixar o cargo de Presidente, Jair Bolsonaro (PL) recebeu uma mensagem no WhatsApp de sua mais fiel devota, a deputada Carla Zambelli (PL-SP). A mensagem, datada de fevereiro, enfatizava sua lealdade inabalável ao ex-presidente e expressava seu desconforto diante de relatos veiculados na mídia sobre alegadas tensões entre eles.
No texto, Zambelli também fez um apelo a Bolsonaro. Ela argumentou que, após a derrota eleitoral, ele deveria ter comunicado de forma clara aos seus seguidores que aceitassem os resultados das urnas. Ela sugeriu que essa atitude poderia evitar a desgastante situação enfrentada por parlamentares, incluindo ela mesma, e por militantes que contestaram os resultados eleitorais. Bolsonaro, em sua estadia em Orlando, leu a mensagem em sua totalidade, mas não emitiu qualquer resposta.
Poucos dias depois, ainda em fevereiro, Bolsonaro foi contatado pela CNN para comentar uma entrevista recente concedida por Zambelli ao jornal Folha de S. Paulo. O conteúdo da entrevista se alinhava ao teor da mensagem que ele havia lido em sua conversa pelo WhatsApp, incluindo alguns acenos positivos à Suprema Corte.
Quando questionado sobre a entrevista, Bolsonaro foi direto e claro: "Não li e não vou ler [a entrevista]".
O ex-mandatário a culpa pela derrota
Há uma memória persistente em Bolsonaro sobre o incidente envolvendo Zambelli e uma arma, ocorrido às vésperas do segundo turno das eleições. Ele atribui em grande parte sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a essa exposição negativa gerada pelo incidente.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos principais articuladores políticos durante o governo de Bolsonaro, chegou a se referir publicamente a Zambelli como "louca", culpando-a, juntamente com o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), pela derrota do ex-presidente.
Nesta quarta-feira (02), após a deputada Zambelli se tornar alvo de uma operação da Polícia Federal (PF), os círculos próximos a Bolsonaro aumentaram ainda mais a pressão contra ela.
Por sua vez, Zambelli seguiu sua estratégia costumeira e buscou distanciar o ex-presidente do caso envolvendo Walter Delgatti. "Tentam envolver Bolsonaro através de mim", alegou. Enquanto isso, o ex-mandatário, mantendo sua postura habitual dos últimos meses, permaneceu em silêncio em relação à sua aliada.
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