PF avança em pontos que ligam ataques de 8 de janeiro a treinamento militar

Os investigadores encontraram indícios de que esse grupo estava envolvido em pelo menos dois atos golpistas anteriores.

Manifestantes no Congresso Nacional durante atos golpistas em 8 de janeiro | Cristiano Mariz/O Globo
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A Polícia Federal (PF) avançou nas investigações sobre a possível participação de agentes das forças especiais do Exército, conhecidos como "Kids Pretos", nos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília. Os investigadores encontraram indícios de que esse grupo estava envolvido em pelo menos dois atos golpistas anteriores aos eventos de 8 de janeiro, bem como em um terceiro ocorrido dias depois. As informações são da CNN.

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O primeiro incidente ocorreu em 12 de dezembro, durante a diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nesse dia, ônibus e carros foram incendiados na região central de Brasília, uma delegacia foi depredada e houve uma tentativa de invasão à sede da PF. A investigação conseguiu identificar três indivíduos envolvidos nesse ataque, que apresentavam características de treinamento semelhantes às dos "Kids Pretos".

O segundo incidente ocorreu na véspera de Natal, em 24 de dezembro, quando um caminhão-tanque com uma bomba instalada foi descoberto nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília. O ato terrorista só não foi concluído devido a uma falha no artefato explosivo. Três pessoas foram presas e condenadas, mas a Polícia Civil investiga a possível participação de outras sete pessoas, suspeitando que o atentado tenha sido planejado com o apoio de membros do grupo especial do Exército.

As principais fontes de informações da PF são as câmeras de segurança dos edifícios atacados. Os suspeitos que agiram com treinamento usavam gorros pretos e luvas de couro, uma tática associada aos "Kids Pretos" em ações guerrilheiras para evitar o contato com explosivos. Além disso, a utilização de gradis como escadas para invasão no Senado e o uso de água com mangueira para neutralizar o gás lacrimogênio, registrados em vídeos, também são considerados como indícios de conexão com integrantes do grupo especial do Exército.

Outro ponto de investigação refere-se a ataques a torres de energia registrados entre 8 e 31 de janeiro, em locais como o Paraná, Rondônia, São Paulo e Mato Grosso. Suspeita-se que esses ataques estejam relacionados aos eventos anteriores.

O general Ridauto Fernandes, que foi alvo de uma operação da PF chamada de "Lesa Pátria", explicou em uma entrevista ao podcast "Fala Glauber", em setembro do ano passado, como o treinamento das formações especiais poderia ser repassado a civis para serem usados como forças de combate. Na sexta-feira (29), a PF realizou buscas na casa do general, apreendendo armas e um celular que será utilizado para verificar se houve transferência de treinamento militar para os civis já identificados e acusados dos ataques.

Em depoimentos ao Supremo Tribunal Federal (STF), alguns dos acusados afirmaram que receberam orientações para usar luvas, gorros pretos e para posicionar-se de maneira específica durante os atos, o que também faz parte das investigações.

Para a CNN, o general Ridauto Fernandes se recusou a comentar sua participação nos eventos, alegando que o assunto está sob sigilo. O Centro de Comunicação Social do Exército também emitiu uma nota afirmando que não se pronunciará durante o curso das investigações e que prestará esclarecimentos apenas às autoridades competentes responsáveis pelas apurações.

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