A Polícia Federal (PF) continua seguindo o rastro dos recursos mencionados pelo tenente-coronel Mauro Cid, segundo o qual Walter Braga Netto entregou dinheiro para financiar um plano de execução contra autoridades como o ministro Alexandre de Moraes, do STF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice Geraldo Alckmin.
Cid afirmou que os recursos, levantados junto a membros do agronegócio, foram entregues a Rafael de Oliveira e usados, ao menos, para a aquisição de um celular usado na organização de crimes.
Em novo depoimento, prestado no último dia 21, Cid mudou sua versão e afirmou que, após uma reunião no dia 12 de novembro de 2022, participou de outro encontro com Braga Netto, quando o general entregou o dinheiro em uma sacola de vinho para dar início à operação. A PF descobriu que, no dia 15 de dezembro, o major comprou um celular em uma loja de Goiânia com pagamento em dinheiro vivo no valor de R$ 2,5 mil, por meio da esposa.
Além disso, identificou cinco recargas de R$ 20 para telefones do grupo Copa 2022, feitas em espécie em uma drogaria no Setor Sudoeste, em Brasília.
Os investigadores suspeitam que o grupo Copa 2022 era composto por pelo menos seis militares de Forças Especiais, utilizando alcunhas como "Alemanha", "Argentina" e "Áustria" para se anonimizar. Em mensagens entre Oliveira e Cid, o major questionou sobre novidades da reunião do dia 12, quando foram estimados gastos em cerca de R$ 100 mil com hotel, alimentação e material.
Um dos documentos apreendidos pela PF faz referência a um plano denominado Punhal Verde Amarelo, prevendo a preparação da ação e a aquisição de "6 telefones celulares descartáveis".
"Nesse sentido, essa foi exatamente a estrutura de comunicação utilizada na denominada operação “Copa 2022”, em que militares Forças Especiais executaram uma ação clandestina no dia 15 de dezembro de 2022, para prender/executar o ministro Alexandre de Moraes na cidade de Brasília/DF. A ação empregou seis telefones celulares com chips da operadora TIM, habilitados em nomes de terceiros e, associados a codinomes de países para anonimização da ação criminosa", escreveu a PF no relatório da operação que prendeu os integrantes das forças especiais em novembro.
A investigação prossegue para determinar a extensão do esquema e os envolvidos.
FALA DO MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES:
"Há fortes indícios e substanciais provas de que, no contexto da organização criminosa, o investigado Walter Souza Braga Netto contribuiu, em grau mais efetivo e de elevada importância do que se sabia anteriormente, para o planejamento e financiamento de um golpe de Estado, cuja consumação presumia, na visão dos investigados, a detenção ilegal e possível execução o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal, com uso de técnicas militares e terroristas, além de possível assassinato dos candidatos eleitos nas eleições de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin e, eventualmente, as prisões de pessoas que pudessem oferecer qualquer resistência institucional à empreitada golpista.", escreveu o Ministro Alexandre de Moraes.