A Polícia Federal encontrou um celular e um notebook pertencente à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), entre os objetos apreendidos nos endereços do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin no governo Bolsonaro. A organização está sendo investigada por monitorar ilegalmente autoridades públicas, incluindo desafetos do ex-presidente.
De acordo com o blog da jornalista Natuza Nery, o atual deputado estava em posse dos equipamentos da agência, após deixar o cargo de diretor geral em março de 2022 para disputar a eleição para a Câmara dos Deputados. Porém, a Abin afirma que Ramagem perdeu o acesso ao sistema da agência quando saiu.
Ainda foram apreendidos quatro computadores, seis celulares e 20 pendrives.
"ABIN PARALELA"
Deflagrada nesta quinta-feira (25), a ação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, feita em 20 de outubro de 2023. O ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a operação. Segundo a decisão do ministro, Ramagem, juntamente com policiais, delegados da Polícia Federal cedidos à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e funcionários da própria agência, estariam envolvidos em uma organização criminosa que realizava monitoramento ilegal de autoridades públicas.
Conforme as provas obtidas pela PF, o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na ABIN e utilizou ferramentas e serviços para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal. O caso é conhecido como "Abin paralela".
As investigações apontam que o monitoramento ilegal era conduzido por meio da utilização do programa espião First Mile, software desenvolvido por uma empresa israelense de defesa cibernética, possibilita rastrear os movimentos dos alvos selecionados através da localização de seus dispositivos celulares.
Segundo os investigadores, foram monitorados a promotora do Ministério Público do Rio de Janeiro Simone Sibilio, que atuou na investigação inicial do caso Marielle, o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e Camilo Santana, que era governador do Ceará e é o atual ministro da Educação.