Servidores ligados a Ramagem e Anderson Torres são exonerados só 1 ano depois

A exoneração de ambos ocorreu apenas em outubro do ano passado, quase um ano após a posse do presidente atual, quando foram presos pela PF

Alexandre Ramagem - ex-chefe da Abin | Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
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Investigadores da Polícia Federal (PF) expressam críticas à atual cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) por sua demora em adotar medidas concretas contra servidores suspeitos de envolvimento em um esquema de espionagem ilegal de autoridades.

Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Izycki eram alvos de sindicância na própria Abin desde agosto de 2021, durante a gestão de Alexandre Ramagem, e permaneceram na agência sob o governo Lula. A exoneração de ambos ocorreu apenas em outubro do ano passado, quase um ano após a posse do presidente atual, quando foram presos pela PF.

A sindicância interna, que investigou Colli e Izycki, foi marcada por inconsistências e atrasos considerados injustificáveis pelos investigadores. A avaliação é de que é "inacreditável" manter servidores suspeitos, especialmente dado o relacionamento deles com Ramagem e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sendo exonerados somente após a prisão.

Luiz Fernando Correa, diretor atual da Abin, enfrenta críticas pela falta de ação nesse sentido, considerada "elementar" em órgãos sensíveis.

Cronologia e demora nas ações

A Abin utilizou o sistema First Mile, capaz de monitorar a localização de pessoas por meio de celulares, entre fevereiro de 2019 e abril de 2021. A ferramenta foi inicialmente utilizada, e somente posteriormente foram inseridas avaliações sobre sua legalidade.

Em agosto de 2021, após mais de dois anos do início do uso do sistema, o então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, revisou o entendimento sobre a legalidade do First Mile sem justificativa declarada. Neste ponto, ele abriu uma sindicância para investigar Colli e Izycki, suspeitos de usar o First Mile. A PF indica que Ramagem agiu porque temia que os servidores pudessem denunciar o uso ilegal da ferramenta.

No mesmo dia da abertura da sindicância, Ramagem interferiu, concedendo a Licença para Tratamento de Assuntos Particulares a um dos servidores alvos da investigação. Os investigadores apontam inconsistências e demoras injustificáveis na sindicância.

Na operação de quinta-feira (25) para apurar monitoramento ilegal pela Abin durante o governo Bolsonaro, a PF apreendeu equipamentos pertencentes à agência, incluindo celulares e notebooks. Sete policiais federais, três servidores da Abin, e Ramagem foram alvos. A operação é um desdobramento da realizada em outubro do ano passado, e a PF investiga uma organização criminosa que teria se instalado na Abin com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades e outras pessoas.

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