A temporada de fake news eleitoral já está em andamento no Brasil, mas desta vez, uma modalidade ainda mais difícil de ser identificada vem preocupando as autoridades. Em pelo menos três estados - Amazonas, Rio Grande do Sul e Sergipe - a polícia está investigando suspeitas de uso de inteligência artificial (IA) para criar áudios falsos de prefeitos que planejam tentar a reeleição, assim como de um deputado federal envolvido na pré-campanha da esposa, chefe do executivo municipal, que também buscará a recondução ao cargo.
A técnica em questão, conhecida como "deepfake", permite a adulteração de sons e vídeos, recriando artificialmente o tom, o timbre e até mesmo a maneira de falar de uma pessoa. Dessa forma, ao receber uma gravação via WhatsApp, o eleitor pode reconhecer a voz do candidato e acreditar que o político disse algo que, na realidade, nunca disse.
Um dos casos identificados ocorreu em Manaus, onde o prefeito David Almeida (Avante) denunciou à Polícia Federal (PF) ter sido alvo de um deepfake no final do ano passado. No áudio atribuído a ele, a voz do político, emulada por inteligência artificial, refere-se aos professores da rede municipal de ensino como "vagabundos" e afirma que os servidores "querem um dinheirinho de mão beijada".
O episódio está sendo tratado pela PF como um tipo de laboratório para possíveis casos futuros relacionados às eleições municipais deste ano. Desde a instauração do inquérito em 22 de dezembro, dois suspeitos já foram ouvidos, e uma perícia no arquivo digital confirmou a manipulação no áudio.
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