O Ministério Público do Piauí, através do promotor Régis de Moraes Marinho, solicitou que a Polícia Civil realize a reconstituição da morte da criança Débora Vitória Gomes Soares Batista, de 6 anos. O crime foi registrado na noite do dia 11 de novembro do ano passado na Rua Jaicós, no bairro Ilhotas, na zona Sul de Teresina.
O promotor solicita o retrato detalhado da dinâmica do fato, envolvimento e posicionamento das pessoas ligadas a situação. Nas investigações da Polícia Civil, duas pessoas foram indiciadas na morte da menina: o criminoso Clemilson da Conceição Rodrigues, suspeito de atingir a mãe da criança, e o tenente José da Cruz Bernardes Filho, apontado como o responsável pelo disparo que vitimou Débora Vitória.
“A Polícia Civil é quem vai dar prosseguimento a essa solicitação do Ministério Público, que é basicamente o desenho do fato. Ele precisa compreender de fato a posição dos envolvidos naquele ocorrido para poder assim oferecer a denúncia, que esperamos e acreditamos, pois já está mais do que comprovado pela perícia que foi dolo. Houve ali uma intenção por parte do PM em atingir ali as vítimas”, disse Carlos Eduardo, advogado de defesa da família da criança.
O Ronda Nacional entrou em contato com a delegada Nathália Figueiredo, do Núcleo de Feminicídios do Departamento de Proteção à Pessoa (DHPP) e que foi responsável pela investigação. Ela disse que ainda não recebeu a intimação formal do MP-PI.
Defesa de PM indiciado quer novo exame balístico
Após o inquérito policial ter apontado compatibilidade do núcleo de chumbo encontrado no corpo da menina e a arma apresentada pelo tenente José da Cruz Bernardes Filho e o militar ter sido indiciado por homicídio doloso qualificado, a defesa pediu a realização de novos exames.
De acordo com os advogados, em entrevista para o MeioNorte.com, novos exames são necessários tendo em vista que, segundo eles, as ranhuras dos projéteis encontradas no corpo da vítima diferem das ranhuras produzidas pelo cano da arma do militar.
"A defesa do policial militar, envolvido na ocorrência, vai ver exames mais detalhados na perspectiva de identificar as ranhuras que foram encontradas no projétil de arma de fogo que foi retirado do corpo da vítima correspondem as ranhuras produzidos da alma do cano da arma que foi utilizada pelo policial militar durante a ocorrência", disse o advogado Otoniel Bisneto, representante da defesa.
Segundo Otoniel, os efeitos produzidos pela arma de fogo do policial, uma pistola de calibre ponto 40, não correspondem aos encontrados no corpo da garota Débora Vitória e que, por essa razão, um novo exame de micro comparação balística deve ser realizado na arma do tenente.