Por Victor Melo e Matheus Oliveira
A conselheira tutelar Socorro Arraes, que está acompanhando o caso do bebê Wesley Carvalho Ferreira, morto após ter sido queimado durante um ritual realizado pela família, revelou que os pais da criança seguiam um suposto 'profeta', que seria um adolescente da própria família de apenas 12 anos. A Polícia Civil também chegou até a informação durante o depoimento dos presos, no início da semana.
A reportagem do Ronda Nacional havia adiantado que a narrativa do sequestro e de que o corpo do bebê estaria um poço, segundo Maria Lúcia Ferreira destacou, avó materna de Wesley, teria sido induzida pelo suposto profeta e só depois que a mãe da vítima apresentou a verdade para as autoridades.
Em entrevista ao programa, a conselheira explicou que o ritual seria para quebrar uma maldição, em um contexto de vários dias em jejum e sem banho. Durante esse período, o menino desfaleceu por fraqueza, que foi entregue ao pai, avós e ao suposto profeta em seguida. “Quando eu perguntei para eles (mãe): ‘Cadê o Wesley?’, eles disseram que jogaram ele na caeira. Eu não sei te dizer quem é o profeta, só sei dizer que é da família e tem 12 anos de idade”, completou Socorro Arraes.
A Polícia Civil, através do Delegado Antônio Barbosa, da Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), foi até o local onde teria ocorrido o suposto ritual, que é um sítio localizado no povoado São Bento, entre Teresina e Altos, na tentativa de encontrar vestígios de restos mortais.
“O delegado Antônio Barbosa, da DPCA, foi com a perícia para colher material e vestígios para tentar fazer um exame de DNA, para tentar fazer prova técnica ao bojo do inquérito policial. No entanto, existem muitas omissões, controvérsias que nós precisamos esclarecer. O inquérito está em sua fase inicial. Nós temos que progredir muito para esclarecer, Devemos presentar por novas medida cautelares para progredir ainda mais para trazer a verdade dos fatos e da dinâmica de como ocorreu esses fatos”, informou o delegado Mateus Zanatta, coordenador das Delegacias Especializadas, responsável pelas investigações.
Casa da família sofreu tentativa de invasão
Populares tentaram invadir e depredar na noite desta terça-feira (22), a residência da família do bebê Wesley Carvalho Ferreira, morto durante um ritual realizado pelos próprios familiares. A reportagem do Ronda Nacional apurou ainda que outras crianças e adolescentes estavam na residência e ficaram sozinhas após a prisão da mãe, pai e avós paternos do bebê no início da semana. Diante da iminente invasão e depredação da casa pela população, uma vizinha acolheu os menores.
“Queria invadir, tocar fogo e quebrar a casa com as crianças dentro. Isso foi ontem a noite e o povo tudo revoltado. E fui lá para tirar as crianças debaixo. Gente, não pode fazer isso, porque tem criança pequena e acho errado. Quem tem que pagar isso é eles, não os filhos dele. Tem um meninozinho que parece que é até deficiente. Lá dentro tinha uns 7 ou 8. Se os outros que matou, quem tem quer pagar são eles. Passamos ele para outra casa para não ser linchado ou a casa apedrejada com eles dentro. Chamei a polícia. Mas eles estão na outra casa aqui da vizinha”, disse Júlio Ramalho, vizinho que ajudou no recolhimento das crianças.