A sogra da cantora gospel Sara Freitas Sousa Mariano, assassinada pelo próprio marido, o pastor Ederlan Santos Mariano, havia aconselhado a vítima a não terminar o casamento, porque o filho iria matá-la. Sara foi encontrada carbonizada na sexta-feira (27) em Dias d’Ávila (BA), e o acusado preso no sábado (28) após confessar o crime.
Em conversa com a própria mãe do acusado, Sara comentou que estava pensando em se separar de Ederlan e que não havia outra alternativa. O advogado Marcus Rodrigues, que representa a família da cantora, deu novos detalhes sobre as violências que eram impostas à vítima, e reforçou o medo que ela tinha de pedir a separação.
"Em conversa com a própria mãe do acusado, ela disse que estava pensando em se separar, porque não via mais outra alternativa. A mãe [de Ederlan] falou: 'não separe, que se você separar ele vai te matar'. Então assim, ela tinha três medos com a separação: o afastamento do lar, ser julgada por causa da religião e de perder a vida", disse Marcus à imprensa.
No último sábado (28), o advogado já havia se posicionado sobre a forma violenta de Ederlan agir com a esposa. A defesa ainda mencionou que o homem também estuprava Sara. A ameaça de morte caso pedisse a separação também foi revelada por Sara à irmã, Soraya Correia.
"Era um relacionamento tóxico, em que ele agredia ela, não somente verbalmente, como fisicamente também. Ele bebia muito, chegava em casa agredindo, forçava a Sara a ter relações sexuais, e isso acabou nesse fato criminoso", analisou Marcus.
Segundo Soraya Correia, Ederlan agredia Sara constantemente e, em uma das vezes, ela chegou a se trancar no quarto com a filha do casal, uma criança de 11 anos. Em seu podcast na TV Shalom, o acusado insinuou uma tolerância à violência contra a mulher.
"Ela estava com medo dele, dizia que ele era agressivo. Ele ameaçava de morte. Ela chegou a dizer algumas vezes que ia denunciar, e ele disse que ela podia até denunciar, mas no dia que ele saísse de lá, ia acabar com a raça dela. Ele fazia uma quebradeira dentro de casa. Um dia, ela se trancou dentro do quarto com a criança. Tenho provas, tenho uns áudios em que minha irmã contava", destacou Soraya.
EM PODCAST, EDERLAN MARIANO INSINUA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
O pastor Ederlan Santos Mariano, preso após confessar ter assassinado a própria esposa, insinuou em seu podcast, na TV Shalom, uma tolerância à violência contra a mulher. Ele inicia a discussão perguntando o que a entrevistada aconselharia as vítimas de agressões. Em seguida, ele responde: “Vai para o joelho”.
“A senhora aconselharia as mulheres que estão assistindo esse podcast, que se alguma dessa o marido bater, xingar, botar dedo na cara, ameaçar, espancar ela, não deixa ela sair de casa e amarrar ela. A senhora aconselha ela o quê? Vai para o joelho, minha filha”, indaga Ederlan Mariano.
Em contrapartida, a missionária Carla Souza afirma que se ela fosse vítima de violência doméstica, não pensaria duas vezes e acionaria a Polícia Militar para que levasse o marido. Em cima de sua fala, Ederlan acrescenta: “Mas, se chamar o pastor, e o pastor disse que é melhor orar?”, e a missionária reage.