O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançará nos próximos dias o Plano Safra 2023/2024, apresentando um volume recorde de recursos. Essa iniciativa visa buscar uma maior aproximação com os ruralistas, com os quais o presidente tem tido uma relação desafiadora desde a campanha eleitoral. A estratégia do Palácio do Planalto é buscar reduzir as resistências dos setores ligados à agricultura e pecuária em relação aos petistas. Esses setores, em sua maioria, apoiaram Jair Bolsonaro (PL) nas últimas eleições.
O Plano Safra, que tem como objetivo financiar a atividade agrícola no Brasil, é considerado uma oportunidade para melhorar a relação com um setor que tem impulsionado o crescimento econômico no início deste ano.
Nas últimas semanas, diversas pastas do governo têm participado de reuniões para definir as principais variáveis do plano, como o valor total de recursos disponíveis, o montante destinado às linhas de crédito subsidiadas e as taxas de juros aplicadas.
Segundo pessoas que participam das negociações, o valor total do Plano Safra deve ficar entre R$ 420 bilhões e R$ 430 bilhões.
Os detalhes do programa estão sendo planejados para garantir a ampliação de recursos, inclusive para empresários do agronegócio. Estima-se que apenas a linha de crédito de custeio direcionada ao segmento empresarial conte com aproximadamente R$ 100 bilhões, um valor significativamente maior do que os cerca de R$ 75 bilhões destinados a esse fim no último plano de Bolsonaro.
O anúncio do plano está agendado para terça-feira (27) e quarta-feira (28). No primeiro dia, serão abordados os recursos relacionados ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A parte relacionada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) será tratada no segundo dia.
O cronograma foi discutido nos últimos dias entre Lula e os ministros Carlos Fávaro (Agricultura), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Fernando Haddad (Fazenda) e Rui Costa (Casa Civil). Desde então, os técnicos têm se debruçado sobre os detalhes para poder fechar os custos totais de cada segmento e linhas a serem disponibilizadas.
O ministro Paulo Teixeira realizou reuniões nos últimos dias com membros da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) para discutir o Plano Safra, ouvir as demandas dos ruralistas e também abordar as críticas relacionadas às invasões de terras pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
"Na minha opinião, o MST também desempenha um papel importante no Brasil. Eles têm as suas cooperativas, que produzem leite, manteiga, etc. Temos hoje que fazer um entendimento. Quanto maior for a tranquilidade dessas nossas relações, mais nós vamos conseguir produzir e ser um país mais equilibrado socialmente", afirmou Teixeira.
Com informações: THIAGO RESENDE E IDIANA TOMAZELLI (FOLHAPRESS)