Após ouvir o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro, a Polícia Federal planeja convocar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro para esclarecer pagamentos de despesas pessoais feitos em dinheiro vivo. O depoimento de Michelle faz parte das investigações sobre um suposto esquema de desvio de recursos do Palácio do Planalto durante a gestão de Bolsonaro.
A informação foi confirmada por fontes envolvidas no caso e divulgada pela colunista Bela Megale, do jornal O Globo. A data do depoimento ainda será definida pela Polícia Federal, que busca o "momento mais adequado para a investigação".
De acordo com a Polícia Federal, foram identificados depósitos em dinheiro vivo para Michelle, realizados pelo ex-ajudante de Bolsonaro, o coronel Mauro Cid. Mensagens divulgadas pela imprensa revelaram conversas entre Cid e assistentes da ex-primeira-dama, nas quais ele demonstrava preocupação com os pagamentos das despesas de Michelle, mencionando a possibilidade de acusações de "rachadinhas".
A PF revelou ter identificado uma série de depósitos em dinheiro vivo para Michelle, totalizando R$ 8.600,00, feitos por Mauro Cid. Através de mensagens de WhatsApp interceptadas pela PF, foram encontrados sete comprovantes de depósitos em dinheiro vivo enviados às assessoras de Michelle Bolsonaro. Essas informações surgiram a partir da quebra de sigilo das comunicações de Mauro Cid.
Relação com prática de "rachadinha"
A investigação apura ainda se esses pagamentos estão relacionados a um esquema de desvio de recursos e prática de "rachadinha" no Palácio do Planalto. A defesa de Bolsonaro nega qualquer irregularidade, afirmando que os pagamentos eram realizados com recursos privados e que o ex-presidente pagava despesas em dinheiro vivo a pequenos fornecedores.
Segundo relatório da Polícia Federal, há indícios de que Mauro Cid teria utilizado verba pública de forma ilegal, realizando saques em espécie e depósitos em dinheiro vivo de forma fracionada. Essas informações constam no pedido encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da investigação sobre os pagamentos das despesas da ex-primeira-dama.
Jóias
Ao contrário de seu marido, Michelle ainda não foi convocada para prestar depoimento pela Polícia Federal. Ela também esteve envolvida no caso das joias de diamantes da Arábia Saudita. Em um primeiro momento, o ex-ministro Bento Albuquerque, que trouxe as peças valiosas em sua comitiva, afirmou que elas seriam destinadas a Michelle. Posteriormente, ele afirmou que as joias eram para o Estado brasileiro. A própria Michelle admitiu ter conhecimento de um conjunto de joias sauditas destinadas a Bolsonaro.