A Rede Meio Norte conversou com exclusividade na tarde desta terça-feira (29), com o advogado Smailly Carvalho, que está na defesa da família do bebê Wesley Carvalho Ferreira, morto queimado durante um ritual realizado pelos próprios familiares, conforme as investigações da Polícia Civil. Segundo o advogado, a defesa já pediu à justiça a liberdade de todos os investigados que se encontram recolhidos, que entre eles está os pais e avós da criança.
Smailly Carvalho destacou que o pedido protocolado foi pautado na falta de indícios de autoria e materialidade no crime. A mãe, Angela Valeria Ferreira, de 21 anos, apresentou quatro versões à Polícia Civil e até o momento nada foi encontrado.
“A priori, tem certas notícias que vamos nos resguardar a dar neste momento, por conta do processo estar em segredo de justiça. Existem algumas da mãe do menor, versões essas que não se coadunam com as investigações. São quatro versões que foram investigadas e não condizem com a realidade. Contra os outros, eles são totalmente inocentes. Ninguém confessou o crime e nós vamos lutar até o final para que tudo dê certo e a gente consiga colocá-los em liberdade”, disse.
No último dia 21, a Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), realizou o cumprimento de 7 ordens judiciais, sendo 3 mandados de prisão temporária e 4 internações provisórias, referentes às investigações do caso. De acordo com o delegado Matheus Zanatta, coordenador das Delegacias Especializadas, a representação das ações ocorreu diante das contradições nos depoimentos dos pais e avós da criança, que tiveram suas prisões prorrogadas por mais 30 dias.
Para a defesa, não há como se falar em homicídio sem vestígios do crime, apesar dos depoimentos dos familiares citarem como tudo ocorreu. Além disso, por conta do desencontrar de versões apresentadas pela mãe, com riqueza de detalhes, o pedido de exame de sanidade mental será realizado.
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“É até difícil se falar em assassinato, em homicídio. Não existem vestígios de crime, algo que leve a qualquer tipo de delito em relação ao homicídio, não existe nos autos. Fica complicado tocar nesse assunto sem nenhum tipo de provas ou indícios de autoria, ou sequer de materialidade. A mãe nos deu as 4 versões que ela colocou para a polícia, por isso que no momento oportuno também nós iremos pedir o exame de sanidade mental da mãe. Ela conta com riqueza de detalhes, porém não se encontra indícios ou prova do que ela fala”, completa.
O advogado Smailly Carvalho reiterou que acredita na liberdade dos investigados. “A defesa já fez um pedido de liberdade quanto aos menores, a internação e quanto aos maiores. Não se tem indícios de autoria, de materialidade do delito e nós já fizemos o pedido de liberdade e acreditamos na liberdade de todos”, reitera.
Restos mortais ainda não foram encontrados
O delegado Antônio Barbosa, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente informou para Rede Meio Norte que a polícia ainda não conseguiu encontrar nenhum resto mortal do pequeno Wesley Carvalho Ferreira, de 1 ano e 9 meses. De acordo com o delegado, foram registradas muitas contradições no depoimento dos familiares.
“Quando começamos essa investigação a gente não descartou nenhuma das linhas, a gente averiguou a versão dada por eles que teria sido sequestro, verificamos a questão da criança ter sido vendida, dada para alguém, só que nenhuma dessas versões trouxeram elementos para os autos no sentido de serem procedentes. A própria família trouxe a morte da criança para os autos e que teria ocultado o cadáver. Mesmo com algumas contradições a versão que eles dão é essa que a criança teria sido morta durante um evento religioso e que esse corpo teria sido ocultado em uma caeira”, declarou.
Antônio Barbosa disse ainda que vários exames complexos foram feitos no local, mas nenhum resto mortal do bebê foi encontrado. “Nós já fizemos diversas diligências no local apontado por eles juntamente com a perícia, foram aplicados produtos, realizados exames bem complexos lá no local e nada foi constatado, nenhum vestígio de que a criança tivesse sido enterrada naquele local. A investigação está trabalhando”, finaliza.