O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), está contestando a interpretação dada aos seus relatos no âmbito de seu acordo de colaboração com a Polícia Federal (PF). Após passar quatro meses preso, ele decidiu compartilhar com os investigadores o que testemunhou durante seu período junto ao então presidente.
Seus relatos são considerados peça-chave na investigação que apura se houve uma tentativa de golpe para evitar a posse de Lula e envolvem conversas sobre o uso das Forças Armadas. Porém, Cid tem demonstrado contrariedade com o enquadramento de suas declarações como parte de uma narrativa golpista. “Não sou traidor, nunca disse que o presidente tramou um golpe. O que havia eram propostas sobre o que fazer caso se comprovasse a fraude eleitoral, o que não se comprovou e nada foi feito”, disse recentemente a um interlocutor.
FORÇAS ARMADAS PRESSIONADAS: Segundo documentos da PF, Cid relatou que Bolsonaro buscava pressionar as Forças Armadas e que o então comandante da Marinha teria concordado com um suposto golpe. No entanto, o militar tem desabafado a pessoas próximas que suas declarações foram mal interpretadas e que ele nunca afirmou que o presidente tramou um golpe.
Na versão de Cid, ele minimizou propostas golpistas e disse que apenas presenciou apresentações de "considerandos" aos comandantes militares. Ele ressaltou que, embora tenha havido diversas ideias, nada de concreto foi feito para reverter o resultado eleitoral.
Apesar das tentativas de minimizar as tratativas no Palácio da Alvorada, a PF vê elementos suficientes para indiciar Bolsonaro e seu entorno por uma intentona contra o Estado democrático de direito. Cid prestará um novo depoimento na próxima segunda-feira, buscando esclarecer os eventos ocorridos durante os últimos dias do governo Bolsonaro.
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